Cactvs vence nova etapa e operará microcrédito da Caixa; banco projeta R$ 6 bi em cinco anos e casos antigos ressurgem
Após refazer consulta, Caixa confirma Cactvs no microcrédito. Mubadala nega vínculo; MP-TCU já havia pedido suspensão antes. Programa replica modelo do BNB.
A estratégia de microcrédito da Caixa deu um passo adiante com a confirmação da Cactvs como operadora após uma nova consulta pública. O primeiro processo, de agosto, havia sido congelado pela governança, embora a empresa figurasse entre as candidatas. O recomeço manteve requisitos semelhantes e culminou no mesmo vencedor, reacendendo pontos de fricção conhecidos.
Segundo o Bastidor, Fernando Passos, fundador da Cactvs, já havia sido acusado de manipulação de mercado, apontado por irregularidades documentais no Banco do Brasil e alvo de denúncia nos Estados Unidos por fraudes de valores mobiliários. No primeiro ciclo, o MP junto ao TCU pediu que o tribunal interrompesse o avanço das negociações. A participação de Gilberto Occhi — ex-presidente da Caixa, ex-ministro e quadro do PP — como assessor da Cactvs nas tratativas aumentou o calor político do tema. Internamente, fontes relataram que a empresa teria citado o Mubadala como sócio/fiador do contrato; o fundo negou qualquer relação.
A Caixa respondeu com reabertura do credenciamento e comunicou que a seleção faz parte de uma “primeira rodada” da nova etapa, focada em experiência e capacidade operacional — e que novas chamadas virão. O funding recorrerá a Fundos Constitucionais, com R$ 300 milhões alocados para 2024 e projeção de R$ 6 bilhões em cinco anos. O formato segue a lógica do BNB, com crédito orientado para microempreendedores e grupos solidários, formais e informais.
A Cactvs tem histórico direto no Banco do Nordeste. Em 2021, foi contratada para operar uma carteira de microcrédito de grande porte. No entanto, o BNB rompeu o acordo depois que a CVM encerrou processo administrativo acusando Passos de manipulação de mercado na época em que comandou o IRB Brasil. Antes, tanto Passos quanto Kelvia Carneiro de Linhares Fernandes Passos — hoje proprietária formal da Cactvs — atuaram no BNB e construíram influência no setor.
Para beneficiários finais, a decisão pode ampliar o alcance do crédito orientado — com acompanhamento pedagógico, metas de adimplência e metodologias de grupo. Para a governança, o desafio será blindar o programa contra polêmicas recorrentes, sanear pontos levantados por órgãos de controle e garantir que novas rodadas de credenciamento atraiam mais operadores, diluindo riscos e dependência. O banco diz que o processo continua aberto e que a prioridade é desembolsar com responsabilidade e escala.
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