Homem algemado sendo escoltado por policiais em uma delegacia ou unidade policial.

Policial Penal Foragido por Tiro no Rio Tinha Histórico de Violência Doméstica e Receptação

Prisão e Histórico Conturbado de Policial Penal

O policial penal José Rodrigo da Silva Ferrarini, que se encontrava foragido da justiça após um incidente de disparo contra um entregador de aplicativo durante uma discussão na noite de sexta-feira (29), na zona oeste do Rio de Janeiro, foi detido neste domingo (31). A prisão ocorreu após sua apresentação voluntária na Cidade da Polícia. Ferrarini possui um histórico criminal prévio, incluindo uma condenação judicial por violência doméstica e uma prisão em flagrante por receptação de um veículo roubado, conforme detalhes que serão aprofundados a seguir.

Condenação por Violência Doméstica

O Incidente de 2016

Documentos obtidos com exclusividade pelo SBT revelam que, em março de 2016, o agente José Rodrigo da Silva Ferrarini agrediu sua companheira com socos na região do rosto. O episódio ocorreu após um churrasco com amigos, onde o policial penal teria consumido álcool em excesso. A vítima sofreu lesões no nariz e nos olhos, necessitando de acompanhamento médico e afastamento do trabalho devido à gravidade dos ferimentos.

Segundo o depoimento da mulher à polícia, Ferrarini, embriagado, envolveu-se em uma discussão com outros três participantes do churrasco. Após ser agredido, ele deixou o local a pé, vestindo apenas uma sunga. Preocupada, a companheira saiu de carro para procurá-lo e o encontrou em um cruzamento no bairro de Campo Grande, também na zona oeste da capital fluminense.

Ao entrar no veículo, o policial penal teria exigido que a companheira o levasse até a residência do casal para que ele pudesse pegar sua pistola. Antes que ela pudesse reagir ou responder, Ferrarini começou a agredi-la violentamente com socos no rosto. A vítima, em um ato de desespero, conseguiu acionar o freio de mão e fugir do carro. No mesmo dia, uma amiga a levou ao Hospital Municipal Rocha Faria, onde foram confirmadas as lesões no nariz e uma hemorragia no olho.

Quase duas semanas após o ocorrido, a vítima compareceu à delegacia para registrar a ocorrência. Ela relatou que já havia sido agredida pelo companheiro em ocasiões anteriores, mas nunca havia formalizado uma denúncia. Diante da situação, solicitou medidas protetivas contra Ferrarini, as quais foram concedidas. A penitenciária onde ambos trabalhavam precisou ser notificada sobre as medidas, dada a relação profissional entre agressor e vítima.

Desdobramentos Legais da Agressão

Dois anos após o incidente, José Rodrigo da Silva Ferrarini confessou sua culpa à Justiça. A defesa do agente penal argumentou que, no momento da agressão, ele estava “sob efeito de drogas” e “movido por violenta emoção”.

Ele foi condenado a três anos e dez meses de prisão, em regime aberto, por violência doméstica, com base na Lei Maria da Penha. Por ser réu primário e a pena não exceder dois anos, Ferrarini recebeu o benefício da suspensão condicional da pena. A condenação prescreveu em 2023, o que significa que o Estado perdeu o direito de executar a pena.

Envolvimento com Veículo Roubado

Prisão em Flagrante por Receptação

Em janeiro de 2025, José Rodrigo Ferrarini foi novamente detido, desta vez em flagrante, por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A prisão ocorreu na BR-040, sob a acusação de receptação de carro roubado.

Durante uma abordagem de rotina, os policiais identificaram sinais de adulteração no chassi e no vidro de um veículo Volkswagen Nivus conduzido por Ferrarini. Apesar das adulterações, a numeração do motor estava intacta. Após consulta ao sistema, foi confirmado que o motor possuía registro de roubo na cidade de Itaboraí, no Rio de Janeiro.

Questionado pelos agentes, Ferrarini declarou ter adquirido o carro por R$ 80 mil, pagando metade do valor em espécie e oferecendo seu antigo veículo como parte do pagamento. A notável discrepância entre o valor informado por ele e o preço de mercado do automóvel levantou suspeitas, levando os policiais a prendê-lo em flagrante e encaminhá-lo para a 60ª Delegacia de Polícia (Campos Elíseos).

O policial penal foi liberado após o pagamento de uma fiança estipulada em R$ 11 mil. O processo referente a este caso de receptação ainda está em andamento na Justiça.

Perfil Profissional e Pessoal

José Rodrigo da Silva Ferrarini acumula 14 anos de experiência como policial penal. Ele ingressou na Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) em 2006, por meio de concurso público, tornando-se servidor público em 2011. Seu salário mensal, conforme dados de julho de 2025 do Portal da Transparência do Governo do Estado do Rio de Janeiro, é de R$ 9.980,19.

Nascido e criado na comunidade da Cidade de Deus, Ferrarini é pai de dois filhos.

A equipe de reportagem não conseguiu localizar a defesa do agente nos processos de violência doméstica e no caso mais recente do entregador baleado. O advogado que representou Ferrarini no caso de receptação optou por não se manifestar. O SBT reitera que o espaço permanece aberto para quaisquer declarações ou esclarecimentos por parte dos envolvidos ou seus representantes legais.

Implicações da Conduta de Agentes de Segurança

A função de policial penal envolve a custódia e vigilância de detentos, exigindo dos profissionais uma conduta ilibada e estrito respeito à lei. Casos de agentes de segurança pública envolvidos em crimes como violência doméstica e receptação de veículos roubados geram sérias preocupações sobre a integridade das instituições e a confiança da população. A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) foi criada para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, estabelecendo mecanismos mais rigorosos para punir agressores e proteger vítimas. A reincidência ou o histórico criminal de servidores públicos em posições de autoridade frequentemente levantam debates sobre os processos de seleção, acompanhamento e responsabilização dentro das corporações.

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Revista O Povo

Esperamos que José Rodrigo da Silva Ferrarini pague por seus crimes. O que você acha disso? Comenta aqui!

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