Dinheiro encontrado com Renildo Lima — parte na cueca — levou PF a investigar Samir Xaud. Operação Caixa Preta apura compra de votos em 2024. PF não detalha vínculo.

PF mira Samir Xaud após flagrar R$ 500 mil com empresário em Roraima; Operação Caixa Preta apura compra de votos

A Polícia Federal abriu frente de investigação envolvendo Samir Xaud, presidente da CBF, após a apreensão de R$ 500 mil com o empresário Renildo Lima durante o período eleitoral de 2024, em Roraima. Segundo o relato policial, parte do dinheiro estava na cueca do empresário. A apuração integra a Operação Caixa Preta, deflagrada nesta quarta-feira (30), com foco em compra de votos nas eleições municipais. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Roraima e no Rio de Janeiro. Até o momento, a PF não esclareceu qual é a ligação entre Samir Xaud e os demais alvos da operação com o valor apreendido com Renildo.

O caso começou em setembro de 2024, quando uma denúncia anônima apontou suposto aliciamento de eleitores. Naquele flagrante, Renildo Lima foi preso junto de cinco pessoas, incluindo uma advogada e dois policiais militares do Bope. A imagem da prisão circulou mostrando cédulas na região da cintura do empresário. Posteriormente, o inquérito reuniu elementos para a operação desta semana, que alcançou ainda o superintendente do DNIT em Roraima, Igo Brasil, entre outros alvos com ordens de busca.

Renildo Lima é dono da Asatur, tradicional empresa de transporte intermunicipal com atuação na rota Boa Vista–Manaus (BR-174), e sócio da Voare Táxi Aéreo, companhia que presta serviços ao Ministério da Saúde em voos para a Terra Indígena Yanomami. No campo político, Samir Xaud e a deputada federal Maria Helena Teixeira Lima (Helena da Asatur) — esposa de Renildo — integram o MDB e pertencem ao mesmo grupo em Roraima. Samir foi candidato a deputado federal em 2022, ficando como suplente.

Em nota, a CBF afirmou ter recebido agentes da PF em sua sede, e frisou que a operação não tem relação com a CBF ou com o futebol brasileiro, acrescentando que o presidente não é o centro das apurações. A deputada Helena declarou ter sido “surpreendida” e que nunca foi notificada a prestar esclarecimentos. Samir Xaud e Renildo Lima foram procurados, sem retorno até a última atualização.

Quem são os investigados

  • Samir Xaud — Eleito o 8º presidente da CBF em maio deste ano, 41 anos, médico, nascido em Boa Vista. É a primeira experiência dele em gestão no futebol. O pai, Zeca Xaud, preside a Federação Roraimense de Futebol desde 1975.
  • Maria Helena Teixeira Lima (Helena da Asatur)48 anos, de Tocantins, criada em São João da Baliza, primeiro mandato na Câmara. Em 2022, obteve 15.848 votos, segunda mais votada do estado e única mulher da bancada federal de Roraima. Bióloga (UFRR) e empresária do transporte; declarou R$ 10 milhões em bens ao TSE.
  • Asatur — Empresa da família de Helena, criada em 2001; especialista na rota Boa Vista–Manaus. Avaliada em R$ 11,1 milhões; Renildo é sócio majoritário ao lado da filha. Possui 10 agências em Roraima e serviços de fretamento e locação.
  • Voare Táxi Aéreo — Empresa da família, única de táxi aéreo privado no estado, com contratos para voos à TI Yanomami.
  • Igo BrasilBoa-vistaense, bacharel em Direito (Estácio da Amazônia). Ex-escrivão da Polícia Civil, ex-soldado dos Bombeiros, ex-superintendente da PRF em RR e ex-presidente do Detran-RR (2018); desde maio de 2023, superintendente do DNIT no estado.

Até o fim do inquérito, todos os citados têm garantidos o devido processo legal e a presunção de inocência.

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