Fernando Passos amplia apostas no Cactvs: fintech regularizada no BC e na Susep, foco em microcrédito e promessa de expansão
Fernando Passos, ex-executivo do IRB Brasil e atualmente processado por fraude nos Estados Unidos, permanece ativo no mercado financeiro. Depois de deixar a maior resseguradora do país, ele e a esposa Kelvia Carneiro Linhares Fernandes Passos criaram a Cactvs, uma fintech que se apresenta como banco digital com ênfase em microcrédito para pessoas jurídicas, com atuação concentrada no Nordeste. Segundo a própria empresa, o site oficial informa que o Cactvs atingiu 100 mil clientes e movimentou cerca de R$ 100 milhões.
A formalização regulatória foi conduzida junto ao Banco Central e à Susep (Superintendência de Seguros Privados), etapa necessária para oferta de produtos financeiros e seguros. Essa regularização ocorreu apesar das pendências associadas ao período de Passos no IRB Brasil, quando sua saída foi marcada por forte controvérsia e, dois anos depois, resultou em processos no exterior.
Um dado curioso da origem da companhia é que, no registro inicial na Junta Comercial de São Paulo, a Cactvs foi aberta para atuar no segmento de alimentação, como uma espécie de marketplace de restaurantes, mercados e varejo. Com o tempo, a marca migrou para serviços financeiros, ampliando a oferta a seguros de vida, planos de saúde, seguros automotivos e até sorteios semanais de R$ 100 mil — para os quais, segundo a divulgação, basta pagar R$ 1 para participar.
A estratégia de posicionamento incluiu, em maio de 2021, uma parceria com o Esporte Clube Vitória (Salvador) para ajudar a erguer um centro de treinamento de base, com a promessa de investir R$ 6 milhões. O clube chegou a divulgar o patrocínio por cerca de um mês; atualmente, não há menção ao banco no site oficial do Vitória.
Em novembro, a Cactvs foi pré-selecionada pelo Banco do Nordeste (BNB) para operar a linha de microcrédito da instituição pública — resultado final ainda não divulgado. Paralelamente, a empresa divulgou bolsas de estudo com valores entre R$ 1,5 mil e R$ 2,2 mil, embora poucos detalhes apareçam no site.
No histórico, a demissão do IRB Brasil se deu após a tentativa, atribuída a Passos, de convencer o mercado de que a Berkshire Hathaway (de Warren Buffett) estaria interessada em comprar ações do IRB para estancar a queda dos papéis na B3. A Berkshire desmentiu publicamente o rumor; o episódio derrubou as cotações e o prejuízo estimado chegou a R$ 30 bilhões. Dois anos depois, Passos foi processado nos EUA; não há data de julgamento. No LinkedIn, ele se apresenta como diretor do Cactvs e não cita a passagem pelo IRB.
Publicar comentário